domingo, 27 de março de 2011

sábado, 26 de março de 2011




Vagavas sem ritmo algum por meus pensamentos
Eras perfeito e quase disforme
Ah, essa velha mania de gostar das falhas...
Eras vento forte, rendido à minha tempestade de silêncios
Eu, domador de tuas desenfreadas cavalgadas
Eu, leve solfejo entre tuas pernas incansáveis
Tu, ah, tu eras todo armadura e fortaleza
Hoje te quedas às minhas vistas
Prisioneiro sem voz
Bufão sem caminho próprio,
rendido aos caprichos dos teus.





Era tudo premeditado
essa coisa de te conhecer
vieram os mais variados profetas me confidenciar
travaram batalhas até a morte
para defender suas previsões
e, no entanto, todos estavam certos
o destino dizia você em meu caminho.





Falta tanto, nesse silêncio de supercine, alguém com quem eu possa debater todas essas epifanias no meu peito, alguém em quem eu possa despejar essa minha imensa solidão.


Quem é essa gralha que todas as noites te corteja
Essa ave de agouro
Esse mar de brios
que acha merecer um fio que seja
da tua rica atenção
essa sombra a perturbar-te o sono
perto da janela, num galho de árvore?



segunda-feira, 21 de março de 2011

Pequeno dicionário de risíveis explicações




Promiscuidade

Transbordo desnecessário de almas sem dono...


Trem

Famigerada enguia terrestre a engolir pessoas...


Vinho

Urina farta de um amor do passado que já morreu...


Bicicleta

Tigre mecânico anoréxico e cheio de preguiça...


Leque

Borboleta de uma asa só sem personalidade própria...


Avião

Vagalume transportador de almas que visita as janelas...


A traição é uma abelha cujo mel azedou.



Bebedeira:

Simples gaivota

Que vai

Na noite sem dono

Buscar um ninho

De tarântulas

Para conversar...



Espelho

Era tudo mentira:

Eu não estava mesmo deste lado...


Gato

Inimigo soturno das borboletas

e dos exercícios físicos...


Janela

Ponto de ônibus do vento



Os anjos são borboletinhas de cabelo...


Semáforo

Andorinha estática que muda de cor.


Você, sempre a razão de eu ficar um pouco mais...

Domingo qualquer


Acordei com vontade de chorar

Absorvi teu suor bordado em meu travesseiro

Falei coisas tristes

Faxinei a casa

Bebi um conhaque

Pensei na vida.


Os gatos do mercado

mortadela, mel, almofada e prato

O vendedor se esgueira entre minhas pernas

Queijo, rapadura e leite

leite, leite, leite

pires

largo o vendedor satisfeito

e vou gozar do meu mais soturno inverno.


Os rios daqui são como nervos expostos na cidade

Pulsam à mínima proximidade de um contato alheio...


quinta-feira, 3 de março de 2011