terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Aguardando a Voz de Arthur
terça-feira, 4 de outubro de 2011
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Eu poderia ter sido um poeta
se eu tivesse atentado ao tempo que agora faz
se eu tivesse olhado mais para os olhos do bem amado
se eu tivesse visto todas essas magias que todo mundo vê ao nascer do sol
Eu poderia, sim, ter sido um poeta
se eu buscasse os laranjas mais sórdidos de uma mordida banal
se eu mandasse flores, bombons e ciclones
se eu estivesse recluso a mim
Eu poderia, claro, ter sido um poeta
se eu abortasse todas as ideias de ser genial
se eu me atirasse ao poço infame das regras
se eu lixasse a pele à mão para escrever com mais afinco
Aí sim, eu seria um um poeta!
Rogo
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Do que sinto agora
Meu amor apenas duas
A vida que chega meteórica
e a vida que vai esmaecida.
Qualquer outra forma de vida surgida nesse interim
é mero pretexto.
Vida é explosão
É vulcão incansável.
É contraluz quando tudo era holofote.
sexta-feira, 15 de abril de 2011
Para estar em teu pulso
Para marcar o teu dia
Para passar pro teu filho
Para ter medo de água
Para ter bigodes disformes
E olhos que brilham no escuro
Para apitar ao teu gosto
Para lembrar-te de tudo
Para abraçar-te seguro
Para ser reprogramado
E zerar o teu tempo em mim
Para brilhar quando um raio de sol
Para ser guardado e esquecido
Para apressar o amor
Para encerrar o teu dia
Para ser levado de ti.
Esperas
Era procurar demais, dentro da minha interminável carência de ermitão. Era um desgaste a cada nova boca que eu tocava, a cada novo corpo que me chegava em madrugadas de álcool e saliva e cremes e calabouços. Era esperar que cada novo ser que me vinha trouxesse com ele as cores todas que o amor é capaz de desfolhar aos olhos dos apaixonados. E as cores me traziam aos olhos uma magia única; magia essa que só eu sentia, sem retribuições, sem reciprocidades, e eu me via só. Sozinho a caminhar numa avenida, na hora do rush. Foi então que tudo se deu: a procura sessou. Hoje é não procurar mais. Hoje é espera. Esperança de que um dia, sob alguma distante e mágica circunstância, se abra pra mim a mais doce e estonteante primavera. Sem buscar, sem marcar hora. É aguardar que toquem todos os telefones, que cheguem todas as cartas, e me chamem pra receber um navio cheio de flores que vem chegando. E só assim correrei de novo por todas as ruas, caminhos capazes de me levar, sonhador que sou, a receber meu mais novo convidado, de pé, à proa, chegando com um sorriso de aconchego, no meu deserto porto de esperas.
domingo, 27 de março de 2011
sábado, 26 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
Pequeno dicionário de risíveis explicações
Promiscuidade
Transbordo desnecessário de almas sem dono...
Trem
Famigerada enguia terrestre a engolir pessoas...
Vinho
Urina farta de um amor do passado que já morreu...
Bicicleta
Tigre mecânico anoréxico e cheio de preguiça...
Leque
Borboleta de uma asa só sem personalidade própria...
Avião
Vagalume transportador de almas que visita as janelas...
A traição é uma abelha cujo mel azedou.
Bebedeira:
Simples gaivota
Que vai
Na noite sem dono
Buscar um ninho
De tarântulas
Para conversar...
Espelho
Era tudo mentira:
Eu não estava mesmo deste lado...
Gato
Inimigo soturno das borboletas
e dos exercícios físicos...
Janela
Ponto de ônibus do vento
Os anjos são borboletinhas de cabelo...
Semáforo
Andorinha estática que muda de cor.
Você, sempre a razão de eu ficar um pouco mais...