quinta-feira, 30 de dezembro de 2010


Essa pantera desdentada, rugido solto em um solfejo, me visitou hoje à noite. Ela veio mansa, quase agradável, e se apoderou de meu estômago e membros. A cama esquecida era só um cenário de tortura ao qual eu não desejava voltar. Banhei as paredes com saliva tentando encontrar um vestígio; uma sombra, uma voz, um cheiro que fosse, para me acalentar madrugada a dentro. E me veio silêncio. Não o silêncio recíproco do descanso; mas o avassalador silêncio das salas de espera. Eu quieto, a um canto encostado, suplicando uma voz amiga, um afeto devido, uma mordida, quem sabe. Mas não. Tudo tornou-se não. Ela me mastiga, me cobre de baba, me atormenta a pele mas, ah, Deus, por que, por que essa impossibilidade de me devorar de vez?

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  2. Devora-me Outra Vez (Ven Devorame Otra Vez)
    Elba Ramalho
    Composição: P. Hernandez - Versão: Fausto Nilo

    "No silêncio da noite vazia
    Teu amor voraz
    Enlouquece o balanço das horas
    Querendo mais
    Derramando a lua da praia
    Sobre meu lençol
    E é por isso que eu nunca te espero
    Sob a luz do sol
    Em meus sonhos eu sempre te vejo
    Devorando-me
    Arrastada por esse desejo
    Vou até o fim
    Nessa hora ninguém como tu
    Que me ama com a fome do amor
    Que aquece meu nome
    Beijando meu corpo
    Que cai num abismo maior
    Devora-me outra vez
    Me abraça me toca e machuca
    Me leva até onde eu nem sei
    Devora-me outra vez
    Devora-me outra vez
    Me castiga com os teus desejos
    Que esse amor eu guardei só pra ti."

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