quinta-feira, 7 de julho de 2011

Eu poderia ter sido um poeta

se eu tivesse atentado ao tempo que agora faz

se eu tivesse olhado mais para os olhos do bem amado

se eu tivesse visto todas essas magias que todo mundo vê ao nascer do sol


Eu poderia, sim, ter sido um poeta

se eu buscasse os laranjas mais sórdidos de uma mordida banal

se eu mandasse flores, bombons e ciclones

se eu estivesse recluso a mim


Eu poderia, claro, ter sido um poeta

se eu abortasse todas as ideias de ser genial

se eu me atirasse ao poço infame das regras

se eu lixasse a pele à mão para escrever com mais afinco


Aí sim, eu seria um um poeta!

Rogo

Senhor de minhas disrítmicas canções
Lavrador de todas as minhas sementes de sonho
Marítimo navegante de meu corpo de esperas
Lúgubre poeta de meus silêncios mais sonoros
A ti canto um pouco mais
Porque o amor sempre espera mais um momento
pra fugir

Guerreiro de minhas batalhas mais vis
Sórdido gatuno de meus rubis esquecidos
Viajante audaz que esqueceu-se das partidas
E que só me chega
Tolo infante a deleitar-se com meus badulaques mais coloridos
A ti rogo um sonho a mais
Porque o amor sempre nos traz um crédito
pra fugir

Carta marcada em meu jogo de trapaças
Sutil caçador a golpear até a morte todas as minhas presas fáceis
Sólido rugido a entranhar-me as noites mais tépidas
Galante cantor a sussurrar-me em dias sem sol
cantigas bobas de acalanto
A ti suplico um dia a mais
Porque o amor nos permite extender desejos explícitos
de fugir

De fugir de todo mundo
De todas as casas
De todas as ruas
De todas as festas
e navegar tranquilos e sós
num restinho iluminado e esquecido
de mar.


















Ah, eu sonhava era com esses jovens amores rodrigueanos

De se desejar morrer com o ser amado

De se saber enfim o que é amar

Mas aí chegas tu

e me dissuades da ideia mórbida

e eu me vejo ferido

pelo doce desejo da vida!

Há pessoas que ficam mais belas com medo

com raiva

felizes

apaixonadas

dormindo

envergonhadas

você fica mais belo

quando olha pra mim...