Meu coração pobre e mal-cheiroso,
Esfomeado marginal de esquinas,
Lança o olho atrás de tua bondade.
Dai esmolas de afeto a esse ser
Dai abrigo tépido a esse corpo
Formai um sonho esquecido da miséria
Do qual ele não precise acordar.
Esse menino vagabundo que trago dentro do peito qualquer dia desses vai bater à tua porta e pedir-te um sopro de carinho. Marginal que é, se tu não o deres, te agredirá e quererá tomar-te à força, roubando teu néctar para si. Sacies a fome desse esfomeado trovador. Não deixes que ele morra de frio à porta de tua casa. Convide-o para entrar, ofereça um café, dê um sonho com o qual ele possa dormir em conforto. Finge que reza por ele ao pé da cama e, caso ele acorde, cante para que ele possa novamente dormir. E depois se livre dele, caso queira, que ele já estará satisfeito de ter passado um momento que seja desfrutando, mendigo modesto, de uma pontinha de tua atenção.
Não me canso de ler esses versos...
ResponderExcluirtalvez uma das coisas mais lindas que já li aqui!
"...Meu coração não se cansa de ter esperança de um dia ser tudo o que quer..."